quinta-feira, 29 de maio de 2008

drão


Drão!
O amor da gente
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer prá germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela noite escura...

Drão! Drão! Êh!

Drão!
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Cama de tatame
Pela vida afora
Êh! Êh!
Oh Drão! Drão!
Oh! Oh! Drão! Drão!

Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe, Deus sabe
A minha confissão
Não há, não há
O que perdoar
Por isso mesmo é que
Há de haver, há de haver
Mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
Drão! Drão!
Drão! Drão!
Drão! Drão!
Drão! Drão!


Gilberto Gil

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Encontro : Colorindo- se em um lugar fora do espaço

E então ela recebeu uma flor. Ainda não sabe onde tudo isso vai acabar, mas pelo menos recebeu uma flor. E esse é um bom começo para um filme, onde os personagens principais são dois seres coloridos, de mundos tão diferentes que até o destino já havia desistido dessa união. Mas, por ironia do próprio destino, essa união aconteceu. E aconteceu da forma mais bela, entre todas as formas belas do universo. Aconteceu quando eles juntaram seus mundos:



Ele era um rapaz vivendo num mundo de fantasias, poesias, alegrias e todas as “ias“ que você puder imaginar (no bom sentido, é claro). O nome deste mundo fantástico? Marte. E você será muito bem-vindo aqui, pode entrar, por favor, não tenha medo, basta ter imaginação.



Ela era uma moça vivendo num mundo que era só dela. Neste você não pode entrar, eu sinto muito.À menos que tenha coragem suficiente para tentar desvendar todos os mistérios que o cercam. O nome deste mundo? Desculpe, não posso revelar. Assim todos ficariam sabendo onde é e nós não queremos isso...



E um dia esses mundos se encontraram e formaram um terceiro mundo, muito mais colorido, encantador e mágico, parecidíssimo com a Terra do Nunca, diga-se de passagem. Este mundo é um Reino Encantado, onde um Príncipo Verde mora num castelo todo branco e tem uma Príncipa Azul que diariamente o espera à beira da janela da casa da vida. Algumas vezes ela tentou ir embora do castelo, mas ele não deixou, prometendo cuidar e protegê-la de uma provável gripe que ela pegaria, se dormisse na cama que a chuva fininha molhou. Ele ensinou a ela que é preciso sonhar e acreditar nos sonhos, porque tudo é possível e a vida pode acontecer como queremos. Além, é claro, de ensinar a maneira correta de tirar os caroços do tomate. Ela ensinou a ele que na chuva ninguém pode ficar triste, e que as roxas devem ser colocadas em cima, embora ele não tenha entendido muito bem essa última parte.



E eles descobriram coisas fantásticas juntos, como as árvores que nunca param de se beijar, as plantinhas que ficam felizes com um banho, o padeiro que queima o pão, a terra seca e mau-educada que escuta a conversa alheia, o suco bom, as estrelas que protegem, a dança dos corpos, o chocolate amargo, as mordidas que deixam marcas, o sorvete pra pedir desculpas, o carinho, o sorriso, o abraço, o magrelar que é sem fim ... e descobriram tudo isso enquanto passeavam no jardim encantado que fica próximo das terras do castelo.

Hoje, eles crescem juntos. E esperam continuar assim para todos os sempres.

E só pra lembrar: eles já são quase um só.




Patrícia Belieiro
26 de abril de 2008
17:05 hrs.